segunda-feira, março 26

Marcos Sacramento, Guinga e nós...

Mais um fim de semana (con)corrido. Na sexta, finalmente, matei minha vontade de muitos meses: vi e ouvi meu querido amado salve-salve Marcos Sacramento. Seu show foi impecável. A começar pelo figurino dos músicos, pela disposição no palco, pela formação da banda, a ideal, minha predileta: três sopros, três percussões, violão, baixo e cavaquinho. Os arranjos de Jayme Vignoli (que também toca cavaco no show) são grandiosos, que grande arranjador e instrumentista. O repertório nem preciso falar... muito Noel Rosa, Herivelto Martins, Jacob do Bandolim, Ataulfo Alves, Custódio Mesquita... enfim, minha praia. E o Sacra... o Sacramento é um dos maiores intérpretes que conheço. Sua voz é lindíssima, ele domina o palco totalmente, é o máximo.

No sábado fui tocar no meu bar preferido em Campinas, o Tonicos. Eita lugar gostoso, puxa vida. Eu falo, um bar tem que ter alma. E quem dá a alma a um estabelecimento é o dono. O Paulo Henrique, proprietário do Tonicos, é um apreciador do samba, então ele promove uma vez por mês um show com algum grande sambista. A nata já tocou lá. Dia 14 agora vai, pela quarta, quinta, vez, não sei direito, o Moacyr Luz. Pretendo ir também, não perco por nada. O Tonicos tem um astral delicioso. E fizemos então com o João Borba, cantor da Velha Guarda da Pérola Negra, ótimo compositor, sabe tudo de samba. Foi uma noite linda. Nosso time também está afiadíssimo: Euclides Marques no 7 cordas, Alexandre Ribeiro no clarinete, Ildo Silva no cavaquinho e eu no pandeiro. Contamos com a participação especial do Edissinho, percussionista de Campinas, no surdo. Foi delicioso. Obrigada, Paulo, pelo convite.


Não sei de quem é essa foto maravilhosa, recebi da minha amiga querida Ione...

E ontem, domingo, fui ao show do Guinga no Sesc Pompéia - nossa! que show fabuloso. Ele estava tão entregue ao show, tão inteiro ali, compenetrado, imerso em sua música, bonito demais de se ver. As músicas do CD novo, Casa de Villa, são lindíssimas. E as participações? Bom, Lula Galvão é aquela maravilha que todo mundo já sabe. O primeiro improviso que ele fez já me deixou sem ar. Jessé Sadoc no trumpete? Impressionante! Fabuloso! Divino. Um arraso. Paulo Sérgio Santos, no clarinete? Perfeito...

Minha querida amiga Ilana Volcov fez uma participação especial cantando uma música inédita do Guinga com o Paulo César Pinheiro, que estava no fundo do baú e ela resgatou. Foi belíssimo. Os dois ficaram muito emocionados, arrepiante.

Agora, por muita ignorância da minha parte, eu não conhecia a cantora mineira Paula Santoro, que participou de metade do show ontem (e gravou uma música no Cd, Via Crúcis). Fiquei simplesmente apaixonada! Ela canta muito, tem uma voz grave, forte, penetrante. Cantou com muita alma, com muito sentimento, ela é emoção pura, não deixem de conhecê-la. Comprei seu CD, também da Biscoito Fino. Aliás, abri uma exceção: comprei dois cds da Biscoito Fino numa noite só (o do Guinga e o da Paula), a exorbitantes R$ 27,00 cada um. Não compro cds que custem mais do que R$ 20,00, acho um abuso. Mas tive de abrir duas exceções, e não me arrependo.
Enfim, recomendo!

No bis Guinga interpretou (com a Paula) uma de suas obras-primas, que eu mais amo, e que combina muito comigo neste momento, gravada originalmente pela Elis Regina. Quase morri:

Bolero de Satã
(Guinga/Paulo César Pinheiro)

Você penetrou como o sol da manhã
E em nós começou uma festa pagã
Você libertou em você
A infernal cortesã
E em mim despertou esse amor
Atormentado e mau de satã

Você me deixou
Como o fim da manhã
E em mim começou essa angústia,
Esse afã
Você me plantou a paixão
Imortal e malsã
Que se enraizou e será
Meu maldito final amanhã

E agora me aperta a aflição
De chorar louco e só de manhã
É a seta do arco da noite
Sangrando-me agora
São lágrimas, sangue, veneno
Correndo no meu coração
Formando-me dentro esse
Pântano de solidão.

quinta-feira, março 22

The Flecktones e Roberta Valente



Registro da excelente fotógrafa Dani Gurgel. No site dela tem outras fotos lindas dessa noite.

quarta-feira, março 21

Encontros e Despedidas

(Milton Nascimento/Fernando Brant)

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...
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Lembrei dessa música que eu adoro quando estava pensando em escrever o texto abaixo. O Ó do Borogodó, bar que eu mais amo e onde toco às segundas e terças, proporciona tantos encontros...
Ontem foi uma dessas noites mágicas. Nós (Choro Rasgado e D. Inah) recebemos a visita de amigos músicos e fizemos uma grande roda, foi um encontro histórico. Estavam lá tocando com a gente o Carlos Malta, Andréa Ernest Dias, Ricardo Herz, Hamilton de Holanda, Danilo Brito, Gabriel Grossi, Arismar do Espírito SAnto, Thiago do ESpírito Santo, Danilo (do grupo 4x0), o percussionista Bernardo Aguiar, o Samba, etc. Foi uma noite memorável. E na platéia o grupo de jazz Béla Fleck & The Flecktones, que tocou com lotação esgotada ontem no auditório ibirapuera...Tocamos duas horas sem parar, foi emocionante, a casa quase veio abaixo. Foi muito bonito! Muitas fotos foram tiradas, espero ansiosamente receber alguma pra poder disponibilizar aqui.

E no domingo fui no show do Hamilton com o Yamandu, no Auditório Ibirapuera. Que showzaço. Foi lindo demais, eles são o máximo. Casa lotada, sucesso total. Depois fomos pra um bar e ficamos cantando até de manhã, com o Alessandro Penezzi e o Ricardo Herz, a cantora Ilana Volcov e outros amigos. Outra noite memorável.

No sábado meu amigo Luis Nassif me apresentou o pianista argentino Facundo Ramirez, filho do grande Ariel Ramirez. Que arraso ele tocando e cantando, de arrepiar. Obrigada, Luis. E ainda no sábado fui na festa de aniversário do meu amigo querido Alex Buck, baterista e pianista. Nossa, que festão! Fizemos roda de samba até de manhã também, este fim de semana foi puxado, ufa... Não é só Deus que mata! Estou esgotada, mas com a alma leve, muito feliz.

domingo, março 11

Brinde ao Cansaço

(Candeia)

Vamos brindar o cansaço
Meus amigos vamos brindar o cansaço
Este é o prêmio pra vitória do boêmio
Que bebeu de bar em bar o seu fracasso
Trago um trago pra saudade
Deixá-lo em paz Mas o mundo lá de fora
Está sofrendo agora tanto como nós
Tentando encontrar amor
Que a minha voz não consegue cantar

(Vamos esquecer a saudade)
Meus amigos vamos esquecer a saudade
E a tristeza que a vida nos pregou
Há um céu azul e branco de paz e amor
E esse céu é a Portela que Deus criou
Sua águia altaneira sobrevoa sua bandeira
A paz do céu também está no chão da terra
Da escola mais bela
A minha querida Portela.
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Belíssimo samba presente no terceiro disco de Candeia, Samba de Roda.



Esta foto (Roberta Valente, eu, com o Celsinho Silva) foi tirada no Festival da Escola Portátil de Música que aconteceu em São Pedro, no mês passado. Foi um evento maravilhoso, onde passamos uma semana num delicioso hotel-fazenda, tendo aulas o dia todo e tocando a noite toda, muitas rodas, muita música, um evento inesquecível. Obrigada Luciana Rabello e Maurício Carrilho, e a todos os amigos e professores que proporcionaram momentos tão emocionantes.

segunda-feira, março 5

Eu não Tenho ninguém

Ai, o amor
Quem tem
Deve dar valor
E eu não tenho ninguém
Já quis ter um bem
Deus me recusou
E eu não tenho ninguém
Ah, eu não tenho ninguém

Se a tal felicidade
Pra todo mundo vem
Meu coração porque é
Só solidão
E eu não tenho ninguém
Eu não tenho ninguém

E infelicidade
Que eu já conheço bem
Toda paixão
Que ao peito vem
É só ilusão
E eu não tenho ninguém, ai
E eu não tenho ninguém
Eu não tenho ninguém...
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Esse belo samba faz parte do LP trilha sonora da novela Semideus, com músicas de Baden Powell e Paulo César Pinheiro (Som Livre, 1973).

Lado A:

1. Solidão (Canção do Mar), com Amália Rodrigues e Don Byas
2. Refém da solidão, com Maria Odette
3. Figa de guiné, com Ana Maria e Maurício
4. Despedida, com Victor Hugo
5. Destinos, com Marília Barbosa

Lado B:

1. Paciência, com Trama
2. Uma canção a mais, com Orquestra e Coro Som Livre
3. Eu não tenho ninguém, com Claudia Regina
4. Até eu, com Maria Creusa
5. A volta, com Djalma Dias
6. O semideus, com Orquestra Som Livre

O disco é realmente muito bonito. A única música que ficou "famosa" é Refém da Solidão. Esta gravação, com a Maria Odette, é linda. Aliás, tenho vários lps de novelas com grandes músicas. A intérprete de Eu não Tenho ninguém, Claudia Regina, tem uma voz muito bonita. Me lembrou um pouco a voz da minha ídala Amélia Rabello. Outra música linda do disco é a marcha-rancho A Volta, com Djalma Dias. Aliás, que bela voz desse moço. Que fim terão tido esses intérpretes todos? Não consegui entender uma das frases...

A Volta

Quando eu parti
Tinha ao meu redor um país
E uma solidão bem maior
E eu pensava só em voltar
E deixei tudo e vim
Pra valer
Com saudades de mim e você
E você foi tão linda, amor
Vindo, amor
Pura e sem saber
Se eu voltei pra você
Eu com tremor que você
Também fosse voltar
Pra um outro amor

Foi só chegar
Tinha ao meu redor um cordão
Gente do lugar
Para ouvir
Novidades de outro país
Eu contei tudo e vim pro meu lar
Que beleza o jardim
Que pomar
Que surpresa o canteiro amor,
Ai, o amor
E essa flor
?????????
Não pude mais
Foi quando o beija-flor
Me beijou transmitindo a paz.