quinta-feira, junho 9

Trilha sonora da semana

Triste Desventura
(Monarco/José Mauro)

Saibam todos vocês: o amor que eu tinha por ela acabou
Acabou friamente pois cinicamente ela me enganou
E enganou por maldade sem ter piedade a quem lhe nutria grande adoração
Isso não passa de ingratidão
Se amanhã reclamar da sorte
Pedir a Deus a morte ou coisa assim
Não sei o que vocês irão falar de mim

Irão chamar-me de covarde e até de cruel
Mas tenho a consciência que desempenhei o meu papel
Desde o carinho até o afeto nada lhe faltou
Não sei por que razão ela me enganou
Deixando-me tristonho nesta amargura
À beira da loucura implorando ao Criador
Para livrar-me desta triste desventura
Que me causou a traição desse amor.
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Belíssima gravação de Roberto Ribeiro, este samba é maravilhoso!

Nosso Amor
(Dante Ozzetti e Luiz Tatit)

Se falei de você
Só falei por falar
(Não tinha mais de quem falar)
Só sonhei com você
Pois não pude evitar
(Temos que sonhar)

Se fiquei com você
Só fiquei por ficar
(Quem fica fica por ficar)
Se aceitei seu amor
Aceitei sem pensar
(Não sei recusar)

Se ainda estou com você
Inda estou por estar
Nosso amor afinal
Não tem nada de especial
Não é paixão, não é fatal
Não é assim essencial
Nem é só sentimento
Circunstancial
Não é tanta coisa
Mas é tão legal!

Infeliz de quem vem
Até aqui me buscar
(Quem busca adora rebuscar)
E me vê com você
Vendo o tempo passar
(É só o que verá)
Sem saber se esse amor
Inda vai decolar
(Se cola pode decolar)
Eu por mim tudo bem
Deixo assim como está

Nosso amor se tornou
Uma história singular
É só calor e se calar
É só compor sem cantar
Nosso amor se espreguiça
Só quer vadiar
Vai passando os dias
Sem se entediar

Uma das dúvidas típicas
Que ficam no ar:
Como que um amor
Que não quer nada
Pode continuar?
Nosso amor
Não cansa de durar
Sempre foi assim
Sempre será
Não se pode esperar muito disso
Mas também por que esperar?
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Gravada por Ná Ozzetti e André Mehmari no CD Piano e Voz (MCD).

Dora
(Dorival Caymmi)

Dora
Rainha do frevo e do maracatu
Dora
Rainha cafuza de um maracatu
Te conheci no Recife
Dos rios cortados de pontes
Dos bairros das fontes coloniais
Dora, chamei
Ô Dora, ô Dora
Eu vim à cidade
Pra ver meu bem passar
Ô Dora
Agora no meu pensamento
Eu te vejo, requebrando pra cá
Ora pra lá, meu bem
Os clarins da banda militar
Tocam para anunciar
A tua Dora agora vai passar
Venham ver o que é bom!
Ô Dora, rainha do frevo e do maracatu
Ninguém requebra nem dança melhor do que tu!
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Sou apaixonada por este belíssimo samba-canção, que já recebeu diversas gravações: Dorival Caymmi, Nana Caymmi, MPB-4, Ângela Maria, Milton Nascimento e Gilberto Gil, Radamés Gnattali e Severino Araújo, Wagner Tiso, Leila Pinheiro, Cyro Monteiro e Dilermano Reis, Paulo Moura e Banda Ociladocê, Billy Eckstine, Toquinho e Vinícius de Moraes, Ney Matogrosso, Arthur M. Lima com Paulo Moura, Rafael Rabello e Chacal, Raul de Barros (trombone) e Abel Ferreira (clarinete), Orquestra Tabajara, Nelson Gonçalves, Silvio Caldas, Leal Brito (piano), Ivon Curi, Jacques Klein, Paulinho Nogueira, Pery Ribeiro, Ary Barroso, dentre outras.

Rir
(José de Oliveira)

Ri, não se ri de quem padece
Sofre, meu coração sabe dizer
Ri, quando vê alguém chorar
Deus é justo e verdadeiro
Por quem eu tenho chorado
Tenho fé em me vingar

Às vezes é um sorriso
Que acompanha uma esperança
Outras vezes é um riso
Que provoca uma vingança

Meu juízo se revolta
Quando vejo alguém zombar
O mundo dá muita volta
Quem zombou pode chorar.
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Gravado originalmente por Francisco Alves e Mário Reis em 1932. Foi gravada também por Fátima Guedes e Ivan Lins.

Uma terceira segunda parte não seria gravada:

Você ri sem ser preciso
Diz que é por estravagância
Mas eu creio que o seu riso
É sinal de ignorância

"A autoria de Rir é um desafio aos pesquisadores. No selo do disco e na partitura impressa, editada por Irmãos Vitale, é atribuída a um certo José Oliveira. Mas o único em Mangueira - e não há dúvidas de que o samba é de lá - que tinha este nome era o Zé Criança, que morreu em 1939 sem jamais ter reivindicado o samba para si. Carlos Cachaça acha que o autor é o Zé Com Fome. Fernando Pimenta, grande memória do morro, garante que é o Gradim. Mas Harmonia, jornal de modinhas que Noel e Hélio Rosa editaram por curto período em 1932, publica a letra sobre os seguintes créditos: coro de Agenor (sic) de Oliveira, versos de Francisco Alves e Noel Rosa."
(retirado do livro Noel Rosa, uma biografia, de João Máximo e Carlos Didier).