segunda-feira, novembro 27

Músicas para a semana

Com muito prazer aceitei o convite do meu amigo Ricardo Tacioli, do site Gafieiras, para escrever na coluna CincopraUma desta semana. Confesso que foi sofrido demais selecionar apenas cinco músicas. Difícil fazer uma seleção sabendo que naturalmente vou ter que deixar alguém de fora: Cartola, Noel, Gegê Pepê, Lupi, Ary, Ismael, Caymmi, Elizeth, Elis, Clara, Elza, Jacob, Pixinguinha e milhares de outros. Mas consegui e adorei. Aliás, adoro esse site. Boa semana a todos, prometo voltar aqui mais vezes ;-)

terça-feira, novembro 14

Não deves sorrir pra mim...

Este é o título de um belíssimo samba do grande compositor Roberto Martins, gravado originalmente pela minha diva maior, Aracy de Almeida. Nessa gravação, de 1935, Aracy foi acompanhada pelo Grupo do Canhoto - destaque para o virtuoso solo de flauta (durante a música toda) de Benedito Lacerda. Recentemente Moacyr Luz regravou este samba, também lindamente, no seu disco Mandingueiro.

Não deves sorrir assim pra mim
Às vezes do riso começa um romance
Amando vamos penar
Estamos tão bem assim
Pra não trocarmos de mal
Não deves sorrir pra mim

O riso foi a imagem da alegria
E que deixou a nostalgia
No meu coração
O meu primeiro amor
Também sorriu assim pra mim
E me deixou chorando por fim

O teu olhar também é provocante
E é outro agravante para uma paixão
Olhares e sorrisos
São sementes dos amores
Para depois trazer dissabores.

quarta-feira, novembro 8

Minha família de músicos

Meus pais não tocam nenhum instrumento. Nem campainha. Nem meus irmãos. Minha mãe estudou violão quando moça, no entanto, era uma violonista frustrada. Por isso ela me colocou numa escola de violão, quando eu tinha uns 13 anos. Eu tocava dia e noite, sem parar. E até que tocava direitinho, cheguei a ganhar um prêmio num concurso da escola (primeiro lugar entre os 350 alunos). Mas quando comecei a frequentar o Bom Motivo, bar que mudou minha vida e onde descobri que a música era minha razão de viver, conheci tantos ótimos violonistas que percebi que eu tocava muito mal e que não era isso que eu queria (eu tinha muuuuita vergonha de tocar e cantar). Aí comecei a flertar com o cavaquinho, com quem tenho um caso mal-resolvido. Amo, mas estudo pouco, então não saio daquele nível. Mas ainda vou me dedicar inteiramente a esse instrumento, tenho certeza. O pandeiro chegou de brincadeira, tocava aqui, fazia um showzinho ali... quando vi, já estava tocando profissionalmente. E amo tocar pandeiro. Acima de tudo.

Penso que essa paixão pela música veio dos meus antepassados. Olhem a foto abaixo (de 1910), não é linda? À esquerda, meu bisavô, no bandolim. Meu avô é o mais novinho da foto, em pé, no violino. E os demais são todos tios da minha mãe. Cada dia mais eu me convenço de que nasci na época errada ;-)

segunda-feira, novembro 6

Músicas que falam em pandeiro

Há muito tempo que quero fazer um post dedicado às músicas que falam de pandeiro. Vou começar com esta raridade, presente no CD João de Barro, da Revivendo (n. 119):

Lataria
(Almirante e João de Barro)

- Cumé pessoal? Vamos fazer uma batucada?
- Vambora!
- Mas cadê pandeiro?
- Pandeiro nada! Lata véia taí à beça, pessoal!
- Isto mesmo! Vamos fazer um batuque de lata véia!
- Vambora!
- Decide na lata, pessoal!

Já que não temos pandeiro
Pra fazer nossa batucada
Todo mundo vai batendo
Na lata velha e toda enferrujada

Pra poder formar meu samba
Para entrar na batucada
Fabriquei o meu pandeiro
De lata de goiabada

Sai do meio do brinquedo
Não se meta, Dona Irene!
Porque fiz o meu pandeiro
De lata de querosene

Ando bem desinfetado
Só porque, minha menina,
O meu tamborim foi feito
De lata de creolina

Escuta bem, minha gente
Repara bem pelo som
E depois vocês me digam
Se meu instrumento é bom
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Esta marchinha foi gravada na Parlophon pelo Bando de Tangarás em 1931. O Bando de Tangarás surgiu no Rio de Janeiro, em 1929. Seus integrantes eram Almirante (pandeiro e vocal), Braguinha (violão e vocal), Henrique Brito (violão), Noel Rosa (violão) e Alvinho (violão e vocal).

Inspirados nos conjuntos regionais de enorme sucesso na época como Os Turunas Pernambucanos e Os Turunas da Mauricéia, em 1928, os alunos do Colégio Batista, na Tijuca, entre eles Braguinha, Alvinho e Henrique Brito, formaram o conjunto amador intitulado Flor do Tempo, que, apesar de carioca, divulgaria igualmente cocos e emboladas. Mais tarde, o cantor Almirante ingressou no grupo. Faziam pequenas apresentações em espetáculos amadoristas, festivais beneficentes e festas familiares. A convite do governador do Espírito Santo, o conjunto chegou a apresentar-se em Vitória.

Convidados a gravar um disco na Odeon, no ano seguinte admitem então um outro bom violonista de Vila Isabel, Noel Rosa, o mais jovem, e formam um novo conjunto, o Bando de Tangarás. O nome foi inspirado na lenda dos tangarás, pássaros “cantadores” e “dançarinos” que, sempre em grupo de cinco, quatro formando roda e o quinto no centro (personificado no conjunto por Almirante), saltitando, cantam e dançam alegremente (1). Braguinha sugeriu então que cada um dos integrantes adotasse um pseudônimo com nome de pássaro, assim ele virou João de Barro, nome com o qual é conhecido até hoje.

Em 1930, o grupo admitiu novos instrumentistas, os violonistas Manoel de Lino e Sérgio Brito e os ritmistas Abelardo Braga e Daniel Simões. Ainda em 1930, cantando quatro músicas, participaram do filme Coisas Nossas, de Wallace Downey. O grupo se dissolveu em 1933 e seus integrantes prosseguiram com carreiras individuais.

1. MÁXIMO, João e DIDIER, Carlos. Noel Rosa – Uma biografia. Brasília, Linha Gráfica, 1990, p. 103.

sábado, novembro 4

Let it Grow

Let It Grow

Taking time to find the right line
Talking easy with the thoughts
You want to share
Leaning down, feel you growing in my mind
Stealing down, going down
Feel you growing in my mind

It's got to be slow, talking love the only way
It's got to just flow
Making love and taking time to let it grow

Finding ways to find the real you
Spending days just holding hands
And feeling free
Play around, watch the sunshine
Coming through
Come around, stay around
Watch the loving grow with you.

Loving you the love you give me
Living loving with the things
We have share
Poetry, hear the words you say to me
Stay with me, here with me
Keep our loving flowing free

It's got to be slow
Talking love the only way
It's got to just flow, making love
And taking time to let it grow.
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Em 1992, o Falecido (meu ex - não confundir com o Finado ;-) gravou uma fita pra mim (olha como sou velha, do tempo da fita cassete) que tinha essa música. Fiquei apaixonada por ela, ouvi dias, meses seguidos. Foi um grande sucesso do grupo Renaissance, na belíssima voz de Annie Haslam (do disco Ashes Are Burning, 1973).
Hoje, quase quinze anos depois, descubro a regravação de Let it Grow na voz da Ceumar, no disco Dindinha, lançado pela MCD (aliás, um belo disco). Nossa, fiquei pra lá de emocionada.
Esse saudosismo ainda me mata ;-)