domingo, abril 15

Vamos à feira?

Meus poucos e amados leitores, desculpem meu sumiço, mas a vida anda corrida e a tendinite, atacada. Muitas novidades, muitos shows, muitas aventuras! Roberto Silva, um dos meus grandes ídolos, cantou no Ó do Borogodó e eu não pude ver, fiquei arrasada. Soube que foi escandalosamente lindo. Por outro lado, minha querida amiga Teresa Salgueiro está aqui novamente e deu uma canja linda com a gente na terça, no Ó, e na sexta, no Magnólia. Obrigada, querida!!

O Choro Rasgado participou de um especial da TV Cultura em homenagem a Pixinguinha. Vai ao ar no dia 23/4, Dia Nacional do Choro e dia em que o mestre faria 110 anos (há controvérsias, eu sei, mas tô com preguiça de explicar!). Lindo, não deixem de assistir, foi muito emocionante. Gravamos também no Programa Sr. Brasil, do Rolando Boldrim, o melhor programa de música da TV brasileira. Deve ir ao ar daqui a uma ou duas semanas. Ah, sim, e já ia me esquecendo, gravei (nesse mesmo programa) com o Zé Renato, um dos meus ídolos, excelente cantor! Foi demais.

Li no Só Dói Quando eu Rio, blog do meu amigo querido Fernando Szegeri, que nosso competente prefeito agora inventou uma lei realmente muito útil, que vai revolucionar as feiras livres de São Paulo. O mais engraçado de tudo, dentre outras baboseiras, é que os feirantes não podem mais gritar. Não é incrível?

Eu, particularmente, tinha trauma de feira livre. Isso porque minha mãe me obrigada a ir com ela toda semana, com sacolinha em punho e carrinho, na feira da Pompéia, ali pertinho da nossa casa, eu odiava. Mas, recentemente, participei de um projeto aqui no Ceasa, onde toquei durante um mês numa das feiras que acontecem por lá. E amei, perdi toda essa má-impressão que eu tinha de feira livre. Muito pelo contrário. Lamento não ter uma feira aqui perto da minha casa. Bom, sendo assim, só nos resta cantar:

Menino das Laranjas
(Théo de Barros)

Menino que vai pra feira
Vender sua laranja até se acabar
Filho de mãe solteira
Cuja ignorância tem que sustentar

É madrugada, vai sentindo frio
Porque se o cesto não voltar vazio
A mãe arranja um outro pra laranja
E esse filho vai ter que apanhar

Compra laranja, laranja, laranja doutor
E ainda dou uma de quebra pro senhor

Lá no morro a gente acorda cedo
E é só trabalhar
Comida pouca e muita roupa
Que a cidade manda pra lavar
De madrugada, ele, menino
Acorda cedo tentando encontrar
Um pouco pra poder viver
Até crescer e a vida melhorar
Compra laranja doutor
Ainda dou uma de quebra pro senhor
Compra laranja doutor
Ainda dou uma de quebra pro senhor.
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Samba gravado por Elis Regina, recentemente regravado por Mariana Aydar, pode ser ouvido neste blog superlegal que descobri hoje, o Sebo Musical


Doce na Feira
(Jair do Cavaquinho e Altair Costa)

Vendendo doce na feira, ai, ai, ai
Eu vi aquela cabocla, ai, ai, ai
Que há tempos lá na Portela, ai, ai, ai
Andava de boca em boca

Fez ferir (sofrer) seus companheiros, ai, ai, ai
Com as infiéis conquistas, ai, ai, ai
Tanto fez, que tanto fez
Que acabou se apaixonando
Por um volúvel sambista

Assim (depois) que eu vi a cabocla, ai, ai, ai
Minha voz emudeceu, hum, hum, hum
Tinha no peito um retrato, ai, ai, ai
E o retrato era eu
Era eu, era eu, era eu, era eu
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Gravada por Jair do Cavaquinho em 2002 e regravada por Mônica Salmaso no excelente Iaiá, em 2004.

Feira de Mangaio
(Glorinha Gadelha/Sivuca)

Fumo de rolo, arreio e cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E o Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi pássaro voando em todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Farinha, rapadura e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pavio de cadeeiro, panela de barro
Menino vou-me embora
Tenho que voltar
Xaxar o meu roçado
Que nem boide carro
Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar.
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Grande sucesso na voz de Clara Nunes, foi também gravada por Agepê, Amelinha, o próprio Sivuca, etc. Tenho minhas dúvidas em relação a algumas palavras na letra, mas não deu pra conferir.

Pastel de Feira
(Vicente Barreto e Celso Viáfora)

O prato é um saquinho de papel de pão
A ponta do dedo é o segredo pra se comer com a mão
Tá quente? Quebra no canto que esfria
(lembra que toda iguaria só com lentidão...)
Levou mais de quatro ganha um de troco
Segura, morena, pra não cair
Do lado tem sempre uma água de coco
e caldo de cana com abacaxi
Tem molho inglês e limão brasileiro
pra quem quiser mais tempero
de todo cheiro e sabor
Pimenta vermelha, pra pôr bem pouca
dessa que estala na boca
que nem um beijo de amor
Estica a lona, monta um balcão de madeira
acende o gás, ô...
Bota no tacho e puxa com uma escumadeira
É bom demais: traz o meu pastel de feira!
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Fim de feira
(Nei Lopes e Sereno)

Quem vai querer, quem vai querer
Custa só duzentos réis
Paga um leva dez
Paga um leva dez
Do lado tem mas não chega nem aos pés
Paga um leva dez
Paga um leva dez

A duzentos réis o cento
Tem mentira e ingratidão
De quebra tem fingimento
Quem comprar da minha mão
Veja como está bonita
É tudo fruta de estação
É tempo de hipocrisia, falsidade, traição
Esta foi minha colheita no canteiro da ilusão.

A duzentos réis o molhe
Quem comprar na minha mão
Leva uma dor mais azeda que um punhado de limão
Um amarrado de mágoa, um lote de solidão
Nessa xepa de saudade
O destino, meu patrão
Me mandou vender barato
Pra limpar meu coração.
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Samba gravado por Alcione no disco Vamos Arrepiar, RCA, 1982. Belíssimo disco, timaço de músicos como Dino 7 Cordas, Jorginho do Pandeiro, Rafael Rabello, o trio de ouro Luna, Eliseu e Marçal, Alceu Maia, etc.

Bolsinha da Feira
(Max Bulhões, Nelson Trigueiro e José de Almeida)

Nas quintas-feiras eu
Eu não sei por quê
Não, não
Meu coração fica contente como quê
Sou bem feliz quando ele passa
Dizendo assim pra mim
Com tanta graça
Ai, ai...
"-Minha morena faceira
Deixa a bolsinha da feira
Deixa que eu sou seu carregador!"

Eu agradeço com cortesia

"-Ah, hoje não
Fica pra outro dia!"
Ai, ai...
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Samba gravado por Linda Batista em 1943

Ela Vai à Feira
(Roberto Roberti e Almanyr Greco)

De manhã bem cedinho ela sai
Depois de fazer sua oração
De manhã bem cedinho ela sai
Depois de fazer sua oração
Vai à feira levando a cestinha de compras na mão
Tão faceira ela vai arrastando a sandália no chão

Me sinto bem, me sinto bem
Sempre que vejo a morena faceira
Quando ela vem, quando ela vem
Carregadinha de coisa da feira.
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Samba de 1941 gravado por Vassourinha.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Olá,

Agradeço pelos elogios no comentário do meu post e também pelo link e divulgação do blog.

Sucesso para todos nós... vamos trocar os links, já vou colocar o seu em meus links.

Um grande abraço,
Tuiuiu do Pandeiro
http://www.sebomusical.com.br

abril 16, 2007 10:02 AM  
Blogger Daniel Brazil said...

Grande Roberta, sempre agitando e trazendo boas lembranças! Tenho a gravação de vocês tocando na feira noturna do Ceagesp, uma beleza (e uma delícia).
Ouvir choro comendo pastel e tomando caldo de cana é sensacional. Um dia vou montar um bar só com isso! :-)

Beijo!

abril 19, 2007 10:10 AM  

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