terça-feira, abril 17

40 Anos

(Altay Veloso/Paulo César Feital)

São 40 anos de aventura
Desde que mãe teve a doçura
De dar a luz pra esse seu nego
E a vida cheia de candura
Botou canção nesses meus dedos
E me entregou uma partitura
Pra eu tocar o meu enredo
Sei que às vezes quase desatino
Mas esse é o meu jeito latino
Meio Zumbi, Peri, D. Pedro
Me emociona um violino
Mas também já chorei de medo
Como chorei ouvindo o Hino
Quando morreu Tancredo

Dos 40 anos de aventuras
Só 20 são de ditadura
E eu dormi, peguei no sono,
E acordei no abandono
E o país tava sem dono
E nós fora da lei

Quem se apaixonou por Che Guevara
Até levou tapa na cara,
Melhor é mudar de assunto
Vamos enterrar esse defunto
Melhor lembrar de Madalena
De Glauber Rocha no cinema
Das cores desse mundo
Jimmy, Janis, Joplin e John Lennon
Meu Deus, o mundo era pequeno
E eu curtia no sereno
Gonzaguinha e Nascimento
O novo renascimento
Que o galo cantava

“Ava Canoeiro”, “Travessia”
Zumbi no “Opinião” sorria,
De Elis surgia uma estrela
Comprei ingressos só pra vê-la
Levei a minha namorada
Com quem casei na “Disparada”
Só para não perdê-la

Lavei com meus prantos os desatinos
Pra conversar com meus meninos
Sobre heróis da liberdade
De Agostinho de Luanda
A Buarque de Holanda
Foram sóis na tempestade
Mesmo escondendo tristes fatos
Curti o tricampeonato
Meu Deus, também sou batuqueiro
Pois eu nasci em fevereiro
E o carnaval tá no meu sangue
Sou dos palácios, sou do mangue,
Enfim sou brasileiro

Sou Ayrton Senna, eu sou Hortência
Dou de lambuja a minha vidência
Não conheço maior fé
Que a de Chico Xavier
Que para Deus já é Pelé
Que é o nosso rei da bola

Quem tem Raoni, tem Amazônia
Se está sofrendo de insônia
É por que tem cabeça fraca
Ou está deitado eternamente
Em berço esplêndido, ou é babaca
Ou está mamando nessa vaca
O leite dos inocentes
Vamos ensaiar, oh... minha gente,
Botar nosso Brasil pra frente
laia, laia, laia, laia...
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Gostaria de publicar este samba no dia do meu aniversário de quarenta anos, mas não vai dar pra esperar (Tá muito longeeeee ;-).
Sou apaixonada por esta música, apesar de nunca ter ouvido uma de suas gravações (A Leny Andrade gravou, o grupo Tom da Terra também). Eu a conheci na voz e no violão de um dos grandes músicos da noite paulistana, o Maurício Lyra, no Villaggio Café. Um dos muitos músicos que conheço que não tiveram chance de registrar seu trabalho em CD. Ai, que Brasil injusto, tantos talentos por aí desperdiçados. Enfim, achei essa música na rede e não resisti...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi Roberta!
Muito bom teu blog. Já coloquei teu link no meu. Visite quando puder. Beijo

abril 19, 2007 9:15 PM  
Blogger Leo said...

gostaria de poder conseguir a cifra dessa musica
leo

leokavallo@gmail.com

junho 05, 2007 10:58 PM  
Blogger Unknown said...

Eu só conheço na voz do Emilio Santiago...

julho 05, 2007 2:05 PM  

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