Samba da Minha Terra
Vou falar agora de um dos meus discos prediletos da coleção Revivendo, vol. 19, CD raro. Traz músicas gravadas por quatro grupos vocais: Bando da Lua, Anjos do Inferno, 4 Ases e 1 Coringa e Grupo X
Vou começar com três ótimas composições do meu tio-avô Assis Valente (brincadeirinha):
O dinheiro que ganho
O dinheiro que ganho
Não dá pra ficar no meio da rua,
Pra cá e pra lá, pra lá e pra cá,
O dinheiro que ganho só dá pra viver
No meu barracão
Sentado no chão
Comendo de mão, farinha, feijão
Olhando a cabrocha mexendo o legume
Pra não azedar
Se fico na rua, lá vem um amigo
E eu sou obrigado a lhe convidar
A tomar um traguinho, bater um papinho
Dar uma voltinha pro tempo passar
Depois do passeio, lá vem o jantar
E também o café
Lá se vai meu dinheiro
E eu vou pro Salgueiro a pé
Meu dinheiro não dá, não...
______________________________________________________________________________
Samba de 1951 gravado pelo 4 Ases e 1 Coringa. A letra mostra uma realidade na vida de Assis Valente: a falta constante de dinheiro, o que o deixava desesperado, segundo alguns amigos, e até agressivo. E o dinheiro que recebia por seu trabalho e por suas composições servia apenas para um tipo de investimento: alegrar os outros. Assis pagava jantares, noitadas, financiava shows, roupas, presenteava as pessoas de quem mais gostava e por várias vezes trocou todo o equipamento odontológico de seu consultório, ficando continuamente sem um níquel sequer, pelo contrário, era perseguido por seus credores; suas várias tentativas de suicídio foram atribuídas a suas numerosas dívidas.
Brasil Pandeiro
Chegou a hora dessa gente bronzeada
Mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à Padroeira
Para me ajudar
Salve o Morro do Vintém
Pendura a Saia, eu quero ver
Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro
Para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer
A nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana
Melhorou seu prato
Vai entrar no cuscuz
Acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada
Com Ioiô, Iaiá
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros
Que está na hora de sambar
Há quem sambe diferente
Noutras terras, outra gente
Num batuque de matar
Batucada, reuni vossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressões que não têm par
Ó meu Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar.
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Gravado em 1941 pelo Anjos do Inferno. Outras gravações conhecidas são de Demônios da Garoa, Novos Baianos, Trovadores Urbanos, Paulo Moura, Rolando Boldrim, etc.
Assis Valente compôs esse samba, que incialmente chamava-se Chegou a Hora, especialmente para Carmen Miranda gravar e levar pros Estados Unidos, mas a cantora, apesar de cantar o samba nas rádios, não quis gravá-lo, e Assis nunca soube o porquê.
Abel Cardoso Junior, um dos biógrafos da cantora, acha que Carmen não quis gravar o samba porque nos versos de Brasil Pandeiro há referências a ela: "Na Casa Branca já dançou a batucada/O Tio Sam anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato". De fato, Carmen e o Bando da Lua estiveram na Casa Branca na festa do 7. aniversário de Roosevelt na presidência americana, em 1940.
Brasil Pandeiro fez parte da trilha sonora do filme Céu Azul (1940) e da revista Brasil Pandeiro, de Freire Junior e Luiz Peixoto.
Boneca de Pano
Boneca de pano
Gingando num cabaré
Poderia ser bonequinha de louça
Tão moça, mas não é
Poderia ser bonequinha de louça
Tão moça, mas não é
Um dia alguém a chamou de boneca
E ela, sendo mulher, acreditou
O tempo foi se passando
E ela se desmanchando
Hoje quem olha pra ela não diz quem é
Em vez de boneca de louça
Hoje é boneca de pano
De um sombrio cabaré.
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Gravada originalmente por 4 Ases e 1 Coringa em 1950. Outras gravações conhecidas: Noite Ilustrada, Carmen Costa, Demônios da Garoa, Miltinho, Paulo Moura, Rolando Boldrim, Titulares do Ritmo, etc.
Segundo depoimentos de amigos de Assis, a "boneca de pano" realmente existiu. E, conforme os autores do livro A Jovialidade Trágica de José de Assis Valente, Assis omitiu o nome de um parceiro nesta música, Júlio Zamorano, que ficou furioso quando o samba foi gravado.
As demais músicas do CD são:
Saudades do meu Barracão
E hoje choro com saudade do meu barracão
Toda riqueza que havia era um violão
E uma morena faceira que me desprezou, ô, ô
Só me deixando tristeza alegria levou.
E hoje mora na cidade
Essa morena bonita
Toda cheia de vaidade
Não usa mais chita
Procura tudo esquecer
E volta pro teu barracão
E ouve o que eu vou te dizer
Tudo isso é ilusão
Hoje a morena faceira
Mora num arranha-céu
E eu passo a noite inteira
Cantando ao léo,
Pobre do meu violão
Já não tem mais alegria
Triste no meu barracão
Que é só nostalgia.
__________________________________________________________
Primeiro grande sucesso de Ataulfo Alves, de 1935, Saudade do meu Barracão foi gravado originalmente pelo cantor Floriano Belham (que abandonou a carreira de cantor em 1938 e gravou apenas 16 músicas). O Bando da Lua regravou o samba em 1937, na Argentina.
Vatapá
(Dorival Caymmi)
Quem quiser vatapá, ô
Que procure fazer
Primeiro o fubá, depois o dendê
Procure uma nega baiana, ô, que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Bota castanha de caju (um bocadinho mais)
Pimenta malagueta (um bocadinho mais)
Amendoim, camarão, rala o coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, Iaiá
Na hora de temperar
Não pára de mexer, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar
Com qualquer dez mil réis
E uma nega, ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá.
__________________________________________________________
Gravado originalmente pelos Anjos do Inferno, em 1942. Outras gravações conhecidas:
Quarteto em Cy, Família Caymmi, Gal Costa, João Bosco, Dorival Caymmi e Rolando Boldrim.
Até a Lua Chorou
(Sylvino Netto)
ô, ô, ô, até a lua chorou
ô, ô, ô, quando você me abandonou
As estrelas se apagaram no azul da imensidão
Quando os meus olhos não acharam teu olhar
No silêncio do meu pobre barracão
Vou viver abandonado sem saber do teu amor
Relembrando que o meu sonho já morreu
E agora vou viver cheio de dor.
_______________________________________________________
Gravado pelo Grupo X em 1936.
Cabelos Brancos
Não falem dessa mulher perto de mim
Não falem pra não lembrar minha dor
Já fui moço, já gozei a mocidade
Se me lembro dela me dá saudade
Por ela vivo aos trancos e barrancos
Respeitem ao menos meus cabelos brancos
Ninguém viveu a vida que eu vivi
Ninguem sofreu na vida o que eu sofri
As lágrimas sentidas, o meu sorriso franco
Refletem-se hoje em dia
Nos meus cabelos brancos
Agora em homenagem ao meu fim
Não falem dessa mulher perto de mim.
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Gravado pelos Quatro Ases e Um Curinga em 1949. Outras gravações conhecidas: Alcides Gerardi, Silvio Caldas, Carlos Alberto, Carlos José, Carolina Cardoso de Menezes, Cauby Peixoto, Herivelto Martins, Demônios da Garoa, Paulinho Nogueira e Conjunto, Osvaldo Montenegro, Noite Ilustrada, Leal Brito (piano), Jair Rodrigues, Roberto Silva, Nelson Gonçalves, Rolando Boldrim, Grupo Coisa de Família, Tôco Preto do Cavaco, etc.
Quero Ver
(Léo Cardoso, Vicente Paiva e Adhemar Santana)
Quero ver, quero ver
Quero ver, quero ver
Teus caprichos de amor me prender
Pago com meu dinheiro, amor
E pago com meu dinheiro, amor
Quero ver, quero ver
Amor, quero ver as cadeiras bulir, remexer, ê
Quando a morena me abraça
Meu Deus, que prazer
Quero ver, amor, quero ver
Que papai nunca chega a saber
Quero ver, quero ver
Quero ver, quero ver
Teus caprichos de amor me prender
Pago com meu dinheiro, amor
E pago com meu dinheiro, amor
Quero ver, quero ver
Amor, quero ver as cadeiras bulir, remexer, ê
Tua anágua rendada me bota a perder
Quero ver, amor, quero ver
Teus oinho virar sem querer, ê
Meu coração bate tanto que chega a doer
Quero ver, amor, quero ver
Quando vai acabar de bater, ê
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Gravada pelo Bando da Lua em 1940.
Bolinha de Papel
(Geraldo Pereira)
Só tenho medo da falseta
Mas adoro a Julieta como adoro
A Papai do Céu
Quero seu amor minha santinha
Mas só não quero que me faça de bolinha de papel
Tiro você do emprego
Dou-lhe amor e sossego
Vou ao banco e tiro tudo pra gente gastar
Posso, oh Julieta, lhe mostrar a caderneta
Se você duvidar.
_____________________________________
Gravado originalmente pelos Anjos do Inferno em 1945. Este samba chegou aos dias de hoje graças à gravação do João Gilberto. Também foi gravada por Jards Macalé, Grupo Tarsis, João Nogueira, Roberto Menescal, Milton Banana, Bebel Gilberto e Pedrinho Rodrigues, etc.
Lembrando a Bahia
(José Marcílio)
Oi, Maria
Quando você samba
Eu me lembro da Bahia
Eu me lembro da Bahia
Terra de São Salvador
E recordo aquele dia
Que perdi o meu amor
Com o seu vestido de roda
E seu tamanco bordado
Você samba toda prosa
Deixa a gente amargurado.
_______________________________
Gravado pelo Grupo X em 1937. O autor, paulista, segundo o encarte da Revivendo, mora há anos em Lima (Peru), à frente de uma orquestra.
Abandona o Preconceito
(Maércio de Azevedo e Francisco Mattoso)
Abandona o preconceito
Vem comigo à batucada
Venha ouvir como é bonito
Um samba chorado ao romper da madrugada
Um samba chorado
Cheio de harmonia
Cantado com alma
Na roda vadia
Que apesar de ser triste
Nos traz alegria
Quando um samba é cantado
Ao romper do dia
Morena bonita
Aceita a proposta
E vem para o samba
Vê se você gosta
Quem não gosta do samba
Não tem sentimento
E o teu preconceito
É fingimento.
_________________________________
Gravada pelo Bando da Lua em 1934.
Rosa Morena
(Dorival Caymmi)
Rosa Morena
Aonde vais morena Rosa
Com essa rosa no cabelo
E esse andar de moça prosa
Morena, morena Rosa
Rosa Morena, o samba tá esperando
Esperando pra te ver
Deixa de parte essa coisa de dengosa
Anda Rosa, vem me ver
Deixa da lado esta pose
Vem pro samba, vem sambar
Que o pessoal tá cansado de esperar
Ô Rosa,
Que o pessoal tá cansado de esperar.
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Gravada originalmente pelos Anjos do Inferno em 1942. Outras gravações conhecidas: Elis Regina, Miltinho, Jair Rodrigues, Dorival Caymmi, Pedrinho Rodrigues e Som Sete, Emílio Santiago, Os Caretas, Cyro Monteiro e Dilermando Pinheiro, João Gilberto, Maria Creuza, Waldir Silva (cavaquinho), Ely Arcoverde, Elza Soares, Ivon Curi, Rosita Gonçales, Quarteto em Cy, Samba do Bom (instrumental), Trio Irakitan, Noite Ilustrada, Nana Caymmi, Maestro Portinho e Banda, Nelsinho e seu trombone, Celso Murilo, Ciro Monteiro, etc.
Pra Lá de Lá
(Silvino Netto)
Maria, você era tão boa
Tão boa, pra lá de lá
Maria, você era tão boa
Tão boa que até ficou má
Estou estranhando você
Pois você não era assim
E eu não sei dizer o porquê
Que afastou seu carinho de mim
Você nunca mais procurou
Agradar meu coração
Se você de mim se fartou
É favor evitar confusão.
____________________________
Gravada pelo Grupo X em 1937. Leia aqui a biografia do paulistano Silvino Netto
Você Foi Mais uma
(Cícero Nunes)
Quando você desocupou meu coração
Já havia outra esperando habitação
Você passou como outras têm passado
Você se enganou, eu não estava apaixonado
Você foi mais uma que cruzou o meu caminho
Você foi mais uma a quem dei o meu carinho
Você foi mais uma que me deu inspiração
Você foi mais uma que ficou na coleção.
_____________________________________________
Gravada originalmente por Quatro Ases e um Coringa em 1951. OUtra gravação conhecida: Demônios da Garoa.
...E o Vento Levou
(Benedito Lacerda e Herivelto Martins)
Onde está o seu dinheiro?
O vento levou
Suas jóias, sua casa?
O vento levou
E a mulher que você tinha
Bateu asas e voou
Tudo que eu possuía
O vento levou
Já fui rico, já fui nobre
Fui grã-fino e gastador
Todos me cumprimentavam assim:
Olá, seu doutor
Até esse apelido o vento levou
Quem já foi um milionário
Quem já teve e hoje não tem
Onde eu passo todos gritam assim:
Olá, João Ninguém
Qualquer dia a ventania
Me leva também.
________________________________________
Gravada pelo Bando da Lua em 1940. O título foi inspirado pela estréia do filme homônimo, no mesmo ano. Outras gravações conhecidas: Lucien Studart (piano) e Rolando Boldrim.
Bahia, oi... Bahia
(Vicente Paiva e Augusto Mesquita)
Bahia, oi, Bahia
Terra que Cristo criou
E o Senhor do Bonfim adotou
Baiano nasceu encantado
E aproveitou o ditado
"plantando dá" e plantou
Depois de ouvir um samba
Que lá da Bahia vem
Na voz da baiana bamba
Que ginga como ninguém
E saber que a Bahia
Tem os encantos que tem
Quem é que não gostaria
De ser baiano também?
___________________________________
Gravada pelos Anjos do Inferno em 1939.
Adeus, Escola
(Adoniran Barbosa, Ari Machado e Nilo Silva)
Desenganado eu vou partir
Este mundo jamais me verá
Adeus, minha escola de samba
Eu vou para nunca mais voltar
Adeus, companheiros do samba
Perdão se algum dia os ofendi
Sem ter razão
Adeus escola, adeus, escola
Eu levo você no coração
O meu tamborim respeitado
Eu deixo para quem melhor
Que eu possa tocar
Adeus, escola, adeus, escola
Eu vou para nunca mais voltar.
________________________________
Gravado pelo Grupo X em 1937. Um dos primeiros sambas gravados de Adoniran.
Meu Bairro Canta
(Waldemar Ressurreição)
Eu quero enaltecer
Um bem que adoro
O meu bairro, onde moro
Meus amigos fiéis
Dizer que do meu coração não sai
Saenz Pena, rua Uruguai
A Muda, o Ponto Cem-Réis
Citar a velha fábrica das chitas
Tantas garotas bonitas
que o Salgueiro tem aos pés
E também eu quase que me esqueço
Não é só nesse endereço
Meu samba vai mais além
Eu quero relembrar por muitos anos
Salve Unidos Tijucanos
Minha gente, o que é que tem
Quando a cidade toca os seus clarins
Convocando os tamborins
Meu bairro canta também.
_______________________________
Gravado pelos Quatro ASes e Um Coringa em 1950. Outra gravação conhecida: Rolando Boldrim.
Samba da Minha Terra
(Dorival Caymmi)
O samba da minha terra
deixa a gente mole
Quando se canta
todo mundo bole
Quando se canta
todo mundo bole
Eu nasci com o samba
No samba me criei
E do danado do samba
Nunca me separei
Quem não gosta de samba
Bom sujeito não é
Ou é ruim da cabeça
Ou doente do pé
Quem não pode também bole
Que mais?
Quem não gosta também bole
Que mais?
Quem não samba também bole
Que mais?
Quem requebra também bole
Que mais?
Quem não sabe também bole
Que mais?
Quem é preso também bole
Que mais?
Quem é velho também bole.
_____________________________________
Gravada originalmente pelo Bando da Lua em 1940. Outras gravações conhecidas: Coro Oba Oba, Titulares do Ritmo, Ivanildo (Sax), MPB-4, Trovadores Urbanos, Quarteto Novo, Tamba Trio, Jair Rodrigues, Novos Baianos, Os Cariocas, Ely Arcoverde, Milton Banana, Os Velhinhos Transviados, Os Batuqueiros, Originais do Pagode, João Gilberto, Dorival Caymmi, Baden Powell, Tom da Terra, Os Caretas, Os vocalistas modernos, Morais Moreira, Trio Irakitan, Elza Soares, André Penazzi, Mike Falcão, Luiz Bandeira, etc.
Lembrando uns Lindos Olhos
(José Marcílio)
Tenho a missão de querer, amei
Mas um dia sem saber chorei
Meus olhos se inudaram
Na dor de uma saudade
E não tive mais felicidade
Talvez você não saiba
Que eu vivo a soluçar
Lembrando uns olhos lindos
Que vinham me fitar
Hoje vejo no céu duas estrelas
E fico triste ao vê-las
Recordando seu olhar
Amei, vivi cantando
Porém amei demais
E tanto amor perdido
Me fere, são punhais
E por mais
Que disfarce esta saudade
A infelicidade
Me procura ainda mais.
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Gravada originalmente em 1936 pelo Grupo X.
Vou começar com três ótimas composições do meu tio-avô Assis Valente (brincadeirinha):
O dinheiro que ganho
O dinheiro que ganho
Não dá pra ficar no meio da rua,
Pra cá e pra lá, pra lá e pra cá,
O dinheiro que ganho só dá pra viver
No meu barracão
Sentado no chão
Comendo de mão, farinha, feijão
Olhando a cabrocha mexendo o legume
Pra não azedar
Se fico na rua, lá vem um amigo
E eu sou obrigado a lhe convidar
A tomar um traguinho, bater um papinho
Dar uma voltinha pro tempo passar
Depois do passeio, lá vem o jantar
E também o café
Lá se vai meu dinheiro
E eu vou pro Salgueiro a pé
Meu dinheiro não dá, não...
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Samba de 1951 gravado pelo 4 Ases e 1 Coringa. A letra mostra uma realidade na vida de Assis Valente: a falta constante de dinheiro, o que o deixava desesperado, segundo alguns amigos, e até agressivo. E o dinheiro que recebia por seu trabalho e por suas composições servia apenas para um tipo de investimento: alegrar os outros. Assis pagava jantares, noitadas, financiava shows, roupas, presenteava as pessoas de quem mais gostava e por várias vezes trocou todo o equipamento odontológico de seu consultório, ficando continuamente sem um níquel sequer, pelo contrário, era perseguido por seus credores; suas várias tentativas de suicídio foram atribuídas a suas numerosas dívidas.
Brasil Pandeiro
Chegou a hora dessa gente bronzeada
Mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à Padroeira
Para me ajudar
Salve o Morro do Vintém
Pendura a Saia, eu quero ver
Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro
Para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer
A nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana
Melhorou seu prato
Vai entrar no cuscuz
Acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada
Com Ioiô, Iaiá
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros
Que está na hora de sambar
Há quem sambe diferente
Noutras terras, outra gente
Num batuque de matar
Batucada, reuni vossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressões que não têm par
Ó meu Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar.
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Gravado em 1941 pelo Anjos do Inferno. Outras gravações conhecidas são de Demônios da Garoa, Novos Baianos, Trovadores Urbanos, Paulo Moura, Rolando Boldrim, etc.
Assis Valente compôs esse samba, que incialmente chamava-se Chegou a Hora, especialmente para Carmen Miranda gravar e levar pros Estados Unidos, mas a cantora, apesar de cantar o samba nas rádios, não quis gravá-lo, e Assis nunca soube o porquê.
Abel Cardoso Junior, um dos biógrafos da cantora, acha que Carmen não quis gravar o samba porque nos versos de Brasil Pandeiro há referências a ela: "Na Casa Branca já dançou a batucada/O Tio Sam anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato". De fato, Carmen e o Bando da Lua estiveram na Casa Branca na festa do 7. aniversário de Roosevelt na presidência americana, em 1940.
Brasil Pandeiro fez parte da trilha sonora do filme Céu Azul (1940) e da revista Brasil Pandeiro, de Freire Junior e Luiz Peixoto.
Boneca de Pano
Boneca de pano
Gingando num cabaré
Poderia ser bonequinha de louça
Tão moça, mas não é
Poderia ser bonequinha de louça
Tão moça, mas não é
Um dia alguém a chamou de boneca
E ela, sendo mulher, acreditou
O tempo foi se passando
E ela se desmanchando
Hoje quem olha pra ela não diz quem é
Em vez de boneca de louça
Hoje é boneca de pano
De um sombrio cabaré.
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Gravada originalmente por 4 Ases e 1 Coringa em 1950. Outras gravações conhecidas: Noite Ilustrada, Carmen Costa, Demônios da Garoa, Miltinho, Paulo Moura, Rolando Boldrim, Titulares do Ritmo, etc.
Segundo depoimentos de amigos de Assis, a "boneca de pano" realmente existiu. E, conforme os autores do livro A Jovialidade Trágica de José de Assis Valente, Assis omitiu o nome de um parceiro nesta música, Júlio Zamorano, que ficou furioso quando o samba foi gravado.
As demais músicas do CD são:
Saudades do meu Barracão
E hoje choro com saudade do meu barracão
Toda riqueza que havia era um violão
E uma morena faceira que me desprezou, ô, ô
Só me deixando tristeza alegria levou.
E hoje mora na cidade
Essa morena bonita
Toda cheia de vaidade
Não usa mais chita
Procura tudo esquecer
E volta pro teu barracão
E ouve o que eu vou te dizer
Tudo isso é ilusão
Hoje a morena faceira
Mora num arranha-céu
E eu passo a noite inteira
Cantando ao léo,
Pobre do meu violão
Já não tem mais alegria
Triste no meu barracão
Que é só nostalgia.
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Primeiro grande sucesso de Ataulfo Alves, de 1935, Saudade do meu Barracão foi gravado originalmente pelo cantor Floriano Belham (que abandonou a carreira de cantor em 1938 e gravou apenas 16 músicas). O Bando da Lua regravou o samba em 1937, na Argentina.
Vatapá
(Dorival Caymmi)
Quem quiser vatapá, ô
Que procure fazer
Primeiro o fubá, depois o dendê
Procure uma nega baiana, ô, que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Bota castanha de caju (um bocadinho mais)
Pimenta malagueta (um bocadinho mais)
Amendoim, camarão, rala o coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, Iaiá
Na hora de temperar
Não pára de mexer, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar
Com qualquer dez mil réis
E uma nega, ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá.
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Gravado originalmente pelos Anjos do Inferno, em 1942. Outras gravações conhecidas:
Quarteto em Cy, Família Caymmi, Gal Costa, João Bosco, Dorival Caymmi e Rolando Boldrim.
Até a Lua Chorou
(Sylvino Netto)
ô, ô, ô, até a lua chorou
ô, ô, ô, quando você me abandonou
As estrelas se apagaram no azul da imensidão
Quando os meus olhos não acharam teu olhar
No silêncio do meu pobre barracão
Vou viver abandonado sem saber do teu amor
Relembrando que o meu sonho já morreu
E agora vou viver cheio de dor.
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Gravado pelo Grupo X em 1936.
Cabelos Brancos
Não falem dessa mulher perto de mim
Não falem pra não lembrar minha dor
Já fui moço, já gozei a mocidade
Se me lembro dela me dá saudade
Por ela vivo aos trancos e barrancos
Respeitem ao menos meus cabelos brancos
Ninguém viveu a vida que eu vivi
Ninguem sofreu na vida o que eu sofri
As lágrimas sentidas, o meu sorriso franco
Refletem-se hoje em dia
Nos meus cabelos brancos
Agora em homenagem ao meu fim
Não falem dessa mulher perto de mim.
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Gravado pelos Quatro Ases e Um Curinga em 1949. Outras gravações conhecidas: Alcides Gerardi, Silvio Caldas, Carlos Alberto, Carlos José, Carolina Cardoso de Menezes, Cauby Peixoto, Herivelto Martins, Demônios da Garoa, Paulinho Nogueira e Conjunto, Osvaldo Montenegro, Noite Ilustrada, Leal Brito (piano), Jair Rodrigues, Roberto Silva, Nelson Gonçalves, Rolando Boldrim, Grupo Coisa de Família, Tôco Preto do Cavaco, etc.
Quero Ver
(Léo Cardoso, Vicente Paiva e Adhemar Santana)
Quero ver, quero ver
Quero ver, quero ver
Teus caprichos de amor me prender
Pago com meu dinheiro, amor
E pago com meu dinheiro, amor
Quero ver, quero ver
Amor, quero ver as cadeiras bulir, remexer, ê
Quando a morena me abraça
Meu Deus, que prazer
Quero ver, amor, quero ver
Que papai nunca chega a saber
Quero ver, quero ver
Quero ver, quero ver
Teus caprichos de amor me prender
Pago com meu dinheiro, amor
E pago com meu dinheiro, amor
Quero ver, quero ver
Amor, quero ver as cadeiras bulir, remexer, ê
Tua anágua rendada me bota a perder
Quero ver, amor, quero ver
Teus oinho virar sem querer, ê
Meu coração bate tanto que chega a doer
Quero ver, amor, quero ver
Quando vai acabar de bater, ê
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Gravada pelo Bando da Lua em 1940.
Bolinha de Papel
(Geraldo Pereira)
Só tenho medo da falseta
Mas adoro a Julieta como adoro
A Papai do Céu
Quero seu amor minha santinha
Mas só não quero que me faça de bolinha de papel
Tiro você do emprego
Dou-lhe amor e sossego
Vou ao banco e tiro tudo pra gente gastar
Posso, oh Julieta, lhe mostrar a caderneta
Se você duvidar.
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Gravado originalmente pelos Anjos do Inferno em 1945. Este samba chegou aos dias de hoje graças à gravação do João Gilberto. Também foi gravada por Jards Macalé, Grupo Tarsis, João Nogueira, Roberto Menescal, Milton Banana, Bebel Gilberto e Pedrinho Rodrigues, etc.
Lembrando a Bahia
(José Marcílio)
Oi, Maria
Quando você samba
Eu me lembro da Bahia
Eu me lembro da Bahia
Terra de São Salvador
E recordo aquele dia
Que perdi o meu amor
Com o seu vestido de roda
E seu tamanco bordado
Você samba toda prosa
Deixa a gente amargurado.
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Gravado pelo Grupo X em 1937. O autor, paulista, segundo o encarte da Revivendo, mora há anos em Lima (Peru), à frente de uma orquestra.
Abandona o Preconceito
(Maércio de Azevedo e Francisco Mattoso)
Abandona o preconceito
Vem comigo à batucada
Venha ouvir como é bonito
Um samba chorado ao romper da madrugada
Um samba chorado
Cheio de harmonia
Cantado com alma
Na roda vadia
Que apesar de ser triste
Nos traz alegria
Quando um samba é cantado
Ao romper do dia
Morena bonita
Aceita a proposta
E vem para o samba
Vê se você gosta
Quem não gosta do samba
Não tem sentimento
E o teu preconceito
É fingimento.
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Gravada pelo Bando da Lua em 1934.
Rosa Morena
(Dorival Caymmi)
Rosa Morena
Aonde vais morena Rosa
Com essa rosa no cabelo
E esse andar de moça prosa
Morena, morena Rosa
Rosa Morena, o samba tá esperando
Esperando pra te ver
Deixa de parte essa coisa de dengosa
Anda Rosa, vem me ver
Deixa da lado esta pose
Vem pro samba, vem sambar
Que o pessoal tá cansado de esperar
Ô Rosa,
Que o pessoal tá cansado de esperar.
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Gravada originalmente pelos Anjos do Inferno em 1942. Outras gravações conhecidas: Elis Regina, Miltinho, Jair Rodrigues, Dorival Caymmi, Pedrinho Rodrigues e Som Sete, Emílio Santiago, Os Caretas, Cyro Monteiro e Dilermando Pinheiro, João Gilberto, Maria Creuza, Waldir Silva (cavaquinho), Ely Arcoverde, Elza Soares, Ivon Curi, Rosita Gonçales, Quarteto em Cy, Samba do Bom (instrumental), Trio Irakitan, Noite Ilustrada, Nana Caymmi, Maestro Portinho e Banda, Nelsinho e seu trombone, Celso Murilo, Ciro Monteiro, etc.
Pra Lá de Lá
(Silvino Netto)
Maria, você era tão boa
Tão boa, pra lá de lá
Maria, você era tão boa
Tão boa que até ficou má
Estou estranhando você
Pois você não era assim
E eu não sei dizer o porquê
Que afastou seu carinho de mim
Você nunca mais procurou
Agradar meu coração
Se você de mim se fartou
É favor evitar confusão.
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Gravada pelo Grupo X em 1937. Leia aqui a biografia do paulistano Silvino Netto
Você Foi Mais uma
(Cícero Nunes)
Quando você desocupou meu coração
Já havia outra esperando habitação
Você passou como outras têm passado
Você se enganou, eu não estava apaixonado
Você foi mais uma que cruzou o meu caminho
Você foi mais uma a quem dei o meu carinho
Você foi mais uma que me deu inspiração
Você foi mais uma que ficou na coleção.
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Gravada originalmente por Quatro Ases e um Coringa em 1951. OUtra gravação conhecida: Demônios da Garoa.
...E o Vento Levou
(Benedito Lacerda e Herivelto Martins)
Onde está o seu dinheiro?
O vento levou
Suas jóias, sua casa?
O vento levou
E a mulher que você tinha
Bateu asas e voou
Tudo que eu possuía
O vento levou
Já fui rico, já fui nobre
Fui grã-fino e gastador
Todos me cumprimentavam assim:
Olá, seu doutor
Até esse apelido o vento levou
Quem já foi um milionário
Quem já teve e hoje não tem
Onde eu passo todos gritam assim:
Olá, João Ninguém
Qualquer dia a ventania
Me leva também.
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Gravada pelo Bando da Lua em 1940. O título foi inspirado pela estréia do filme homônimo, no mesmo ano. Outras gravações conhecidas: Lucien Studart (piano) e Rolando Boldrim.
Bahia, oi... Bahia
(Vicente Paiva e Augusto Mesquita)
Bahia, oi, Bahia
Terra que Cristo criou
E o Senhor do Bonfim adotou
Baiano nasceu encantado
E aproveitou o ditado
"plantando dá" e plantou
Depois de ouvir um samba
Que lá da Bahia vem
Na voz da baiana bamba
Que ginga como ninguém
E saber que a Bahia
Tem os encantos que tem
Quem é que não gostaria
De ser baiano também?
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Gravada pelos Anjos do Inferno em 1939.
Adeus, Escola
(Adoniran Barbosa, Ari Machado e Nilo Silva)
Desenganado eu vou partir
Este mundo jamais me verá
Adeus, minha escola de samba
Eu vou para nunca mais voltar
Adeus, companheiros do samba
Perdão se algum dia os ofendi
Sem ter razão
Adeus escola, adeus, escola
Eu levo você no coração
O meu tamborim respeitado
Eu deixo para quem melhor
Que eu possa tocar
Adeus, escola, adeus, escola
Eu vou para nunca mais voltar.
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Gravado pelo Grupo X em 1937. Um dos primeiros sambas gravados de Adoniran.
Meu Bairro Canta
(Waldemar Ressurreição)
Eu quero enaltecer
Um bem que adoro
O meu bairro, onde moro
Meus amigos fiéis
Dizer que do meu coração não sai
Saenz Pena, rua Uruguai
A Muda, o Ponto Cem-Réis
Citar a velha fábrica das chitas
Tantas garotas bonitas
que o Salgueiro tem aos pés
E também eu quase que me esqueço
Não é só nesse endereço
Meu samba vai mais além
Eu quero relembrar por muitos anos
Salve Unidos Tijucanos
Minha gente, o que é que tem
Quando a cidade toca os seus clarins
Convocando os tamborins
Meu bairro canta também.
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Gravado pelos Quatro ASes e Um Coringa em 1950. Outra gravação conhecida: Rolando Boldrim.
Samba da Minha Terra
(Dorival Caymmi)
O samba da minha terra
deixa a gente mole
Quando se canta
todo mundo bole
Quando se canta
todo mundo bole
Eu nasci com o samba
No samba me criei
E do danado do samba
Nunca me separei
Quem não gosta de samba
Bom sujeito não é
Ou é ruim da cabeça
Ou doente do pé
Quem não pode também bole
Que mais?
Quem não gosta também bole
Que mais?
Quem não samba também bole
Que mais?
Quem requebra também bole
Que mais?
Quem não sabe também bole
Que mais?
Quem é preso também bole
Que mais?
Quem é velho também bole.
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Gravada originalmente pelo Bando da Lua em 1940. Outras gravações conhecidas: Coro Oba Oba, Titulares do Ritmo, Ivanildo (Sax), MPB-4, Trovadores Urbanos, Quarteto Novo, Tamba Trio, Jair Rodrigues, Novos Baianos, Os Cariocas, Ely Arcoverde, Milton Banana, Os Velhinhos Transviados, Os Batuqueiros, Originais do Pagode, João Gilberto, Dorival Caymmi, Baden Powell, Tom da Terra, Os Caretas, Os vocalistas modernos, Morais Moreira, Trio Irakitan, Elza Soares, André Penazzi, Mike Falcão, Luiz Bandeira, etc.
Lembrando uns Lindos Olhos
(José Marcílio)
Tenho a missão de querer, amei
Mas um dia sem saber chorei
Meus olhos se inudaram
Na dor de uma saudade
E não tive mais felicidade
Talvez você não saiba
Que eu vivo a soluçar
Lembrando uns olhos lindos
Que vinham me fitar
Hoje vejo no céu duas estrelas
E fico triste ao vê-las
Recordando seu olhar
Amei, vivi cantando
Porém amei demais
E tanto amor perdido
Me fere, são punhais
E por mais
Que disfarce esta saudade
A infelicidade
Me procura ainda mais.
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Gravada originalmente em 1936 pelo Grupo X.
2 Comments:
Olá,
Sou fan do trabalho do Adoniran Barbosa e gostaria de saber se vocês tem alguma gravação da musica "Adeus escola"?
Se tiver, teria como me mandar?
Grato,
Tauil - rafael(arroba)tauil(ponto)com(ponto)br
Ando à procura da letra de um samba antigo, mais ou menos assim:
Poeira, poeira
Poeira eu caí sacudi a poeira
Fui num batuque outro dia
No Vidigal do Leblon
Estava pura alegria
Estava pra lá de bom
............
A batucada acabou
Na hora que o pau comeu
No despertar da alvorada
Tudo acabou
Na poeira
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