sábado, janeiro 27

Altos e baixos

Altos e Baixos
(Sueli Costa e Aldir Blanc)

Foi, quem sabe, esse disco
Esse risco de sombra em teus cílios
Foi ou não meu poema no chão
Ou talvez nossos filhos
As sandálias de saltos tão altos
O relógio batendo, o sol posto, o relógio
As sandálias, e eu bantendo em teu rosto
E a queda dos saltos tão altos
Sobre os nossos filhos
Com um raio de sangue no chão
Do risco em teus cílios
Foram discos demais, desculpas demais
Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas
Meu táxi, whisky, Dietil, Diempax
Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos
O amor quando traz tanta vida
Que até pra morrer leva tempo demais...
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Amo esta rima: "táxi, whisky, Dietil, Diempax". Ai, Aldir...

Fui ontem, pela segunda vez, ao show da Rosa Passos na Fecap. É um show muito bonito. Ela homenageou Elis e Tom. Cantou Altos e Baixos, do repertório da Elis, lindamente. De arrepiar.
O máximo do show, na minha opinião, é a banda. Fábio Torres quebrando tudo no piano, Paulo Paulelli no baixo (espetacular! ele faz uma bateria na boca que é de matar), Celso Almeida (também maravilhoso - bateria e percussão) e meu amigo Vinícius Dorin nos sopros. Vinícius fez um solo na última música que dá vontade de vir pra casa estudar ;-)
Não sei se já vi um grupo tão entrosado, tão ensaiado, tão na mesma sintonia. DIVINO. Impecável.
Agora, a Rosa... não sei. Ela é um doce, muito simpática, muito educada, mil coisas boas. Gosto das quebradeiras que ela faz, mas eu confesso que levei um susto. Esperava uma Rosa mais tímida, mais comedida. Ela é completamente descolada, mucho loca mesmo. Mas isso é bom. O que me incomodou realmente é a necessidade que ela tem em falar mil vezes que já rodou o mundo, que faz shows nos EUA, na Alemanha, na França, no Japão, na China, etc. Ela falou isso umas dez vezes, sem brincadeira. E que agora quer fazer show no Brasil, que ama o Brasil, coisa e tal. Mas isso não me convenceu, realmente. Se ela amasse tanto o Brasil, ela estaria aqui, cantando aqui, morando aqui, e exaltando o Brasil, e não o exterior. Ela também falou que ouve muito as cantoras do jazz (ela realmente parece uma - e quer parecer), que ouve muito jazz, que pesquisa muito o jazz...mas que a música brasileira é a melhor música do mundo. Ora, então por que ela ouve tanto jazz? Elogiou muito a Elis, disse que a Elis revelou grandes compositores, que isso é o máximo. Ué, por que, então, Rosa Passos não faz a mesma coisa, já que ela é tão famosa no mundo inteiro e que temos milhares de compositores brilhantes aqui? Realmente me decepcionei. Outra coisa irritante é ela fazer o público acreditar que o Paulo Paulelli, baixista, é filho dela. Ela o chama de filhote o show todo, e o apresenta, mais de três vezes, como Paulo Paulelli Passos. Não acho isso legal. Enfim, devo ser uma chata! Nossa, isso tudo sem falar na iluminação do show, meu Deus, que horror! O teatro é maravilhoso, mas a iluminação foi algo de medonho. Abafa o caso!

Você vai Ver
(Tom Jobim)

Você vai ver
Você vai implorar
Me pedir pra voltar
E eu vou dizer
Desta vez não vai dar
Eu fui gostar de você
Dei carinho, amor pra valer
Dei tanto amor
Mas você queria só prazer

Você zombou
E brincou com as coisas
Mais sérias que eu fiz
Quando eu tentei
Com você ser feliz
Era tão forte a ilusão
Que prendia o meu coração
Você matou a ilusão
Libertou meu coração
Hoje é você
Que vai ter de chorar
Você vai ver.
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Esse é uma das minhas prediletas do Tom... gravada divinamente pela Leny Andrade com o César Camargo Mariano. É a gravação definitiva, na minha opinião. Também fez parte do show da Rosa...

Mudando de assunto, o show da Teresa Salgueiro foi espetacular... que show bonito também, viu... fui quatro vezes, e cada dia me apaixonei mais. O Proveta dá um show à parte, mas o grupo também está muito entrosado, muito ensaiado. Lindo, lindo. A Teresa é uma diva, uma cantora plena, doce, delicada, linda. Tem uma voz belíssima. Quem não viu, não viu... agora só em abril (talvez!).

E deixo vocês hoje com mais uma pérola gravada pela Elis no disco Elis Especial:

Bodas de Prata
(João Bosco e Aldir Blanc)

Você fica deitada
De olhos arregalados
Ou andando no escuro de penhoar
Não adiantou nada
Cortar os cabelos
E jogar no mar
Não adiantou nada
O banho de ervas
Não adiantou nada
O nome da outra
No pano vermelho
Pro anjo das trevas
Ele vai voltar tarde
Cheirando a cerveja
Se atirar de sapato
Na cama vazia
E dormir na hora
Murmurando Dora
E você é Maria
Você fica deitada
Com medo do escuro
Ouvindo bater no ouvido
O coração descompassado
É o tempo, Maria
Te comendo feito traça
Num vestido de noiva.

1 Comments:

Blogger Zé Luiz Soares said...

Deixa eu te contar uma: há alguns anos, ela foi assistir ao show da Ione Papas no Villaggio. Ainda não estava com essa bola toda, mas já tinha um certo nome no meio. Sentou perto do palco e ficou quietinha.

Lá pelas tantas, alguém escreveu um bilhete pedindo uma canja pra ela; nosso querido Barbosa levou em mãos, discretamente, e voltou com muito sem graça: "chefe, a muié falô que quem dá canja é galinha...".

Fino, não?

bjs

fevereiro 02, 2007 1:33 PM  

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