sexta-feira, dezembro 11

Noel Rosa e Ney Mesquita

No dia 11 de dezembro nasceram esses dois gênios da música. Noel Rosa, um dos maiores nomes da música brasileira de todos os tempos. Ney Mesquita, um dos grandes cantores que SP já teve. Como bem costuma dizer Rolando Boldrin, Ney Mesquita partiu antes do combinado. Noel também. Pois bem. Deixo aqui minha modesta homenagem cheia de saudade.



Noel de Medeiros Rosa, cantor, compositor, bandolinista e violonista. Nasceu em 11/12/1910, Rio de Janeiro, RJ e faleceu em 04/05/1937, Rio de Janeiro, RJ.

O pai, Manuel Garcia de Medeiros Rosa, era comerciante, e a mãe, Martha de Medeiros Rosa, professora. O único irmão, Hélio de Medeiros Rosa, era 4 anos mais novo.

Proveniente de uma família de classe média baixa, Noel carregaria pelo resto de sua vida as marcas de um parto forçado que lhe causara fratura e afundamento do maxilar inferior, além de ligeira paralisia facial no lado direito do rosto. Foi operado aos 6 anos e, aos 12, colocou uma prótese.

De 1913 a 1928 Noel estudou no tradicional colégio São Bento. Nessa época, por mau gosto dos colegas, recebeu o apelido de "queixinho".

Aos 13 anos aprendeu a tocar bandolim de ouvido, com a mãe, fato marcante em sua vida, pois a partir daí, percebera que a sua grande habilidade instrumental tornava-o importante diante de outras pessoas. Do bandolim para o violão, foi um passo. Em 1925, dominava completamente o instrumento, participando ativamente das serenatas do bairro.

Enquanto Noel ensaiava os primeiros acordes musicais, estava em voga a música nordestina e os conjuntos sertanejos. O garoto logo se interessou pelas canções, toadas e emboladas da época. Acompanhando a novidade, um grupo de estudantes do Colégio Batista e mais alguns moradores do bairro de Vila Isabel formaram um conjunto musical, denominado "Flor do Tempo". Reformulado para gravar em 1929, o grupo passou a se chamar "Bando de Tangarás". Alguns de seus componentes se tornariam mais tarde grandes expoentes de nossa música: João de Barro, Almirante, e Noel, que já era um bom violonista.

Ainda em 1929, compôs as suas primeiras músicas. Dentre elas a embolada Minha viola e a toada Festa no céu. Em 1930, conheceu seu primeiro grande sucesso Com que roupa, apresentado em espetáculos do Cinema Eldorado. Já se podia notar sua veia humorística e irônica, além da crônica da vida carioca, marcante em toda a sua obra. Em 1931 ainda compunha músicas sertanejas como Mardade de cabocla e Sinhá Ritinha, optando depois definitivamente pelo samba. Em apenas 8 anos de atividade compôs 259 músicas e teve mais de 50 parceiros.

Em 1931 entrou para a faculdade de Medicina, sem, no entanto, abandonar o violão e a boemia. O samba falou mais alto pois largou o curso meses depois.

A partir de 1933 travou a famosa polêmica musical com o compositor Wilson Batista.

Nesse mesmo ano conheceu sua futura esposa, Lindaura, que quase lhe deu um filho: ao cair de uma goiabeira no quintal de sua casa, Lindaura perdeu o bebê

Apesar de fortes problemas pulmonares, Noel não largava a bebida e, com bom humor e ironia, formulou uma teoria a respeito do consumo de cerveja gelada. Segundo ele, a temperatura fria da cerveja acabava paralisando os micróbios, livrando-o da tosse. Com isso, ia ludibriando os amigos e a si mesmo.

Por essa ocasião Noel precisou transferir-se para Belo Horizonte devido à lesão pulmonar que o acometera subitamente. A capital mineira tornara-se o local ideal para o tratamento prolongado. Lá não havia bares, nem botequins ou as estações de rádio que Noel freqüentava tanto.

A viagem à capital mineira surtiu efeito temporariamente; Noel havia engordado 5 quilos e apresentava sinais de melhora. Entretanto, a boemia falou mais alto. Não tardaria muito para que o compositor descobrisse os segredos da vida noturna da capital mineira, entregando-se novamente às cantorias e bebedeiras. Noel e a esposa estavam instalados na casa de tios que, ao descobrirem as saídas noturnas às escondidas de Noel, mandaram o casal de volta ao Rio.

Nos últimos meses de 1936, Noel não mais saía, preferindo evitar as pessoas, sobretudo as que o questionavam sobre o seu estado de saúde. A única pessoa que o poeta visitava era o sambista e compositor Cartola, lá no morro.

No início de 1937, numa outra tentativa de recuperação, Noel e Lindaura rumaram para Nova Friburgo, em busca do ar puro da montanha. Em vão, pois Noel se deprimia, sentindo falta da Vila Isabel.

Ao voltar para o Rio, a doença já havia o tomado por inteiro; sentia-se fraco, melancólico, apático. Alguns amigos sugeriram-lhe que passasse uns tempos na tranqüila cidade de Piraí (RJ). Mais uma vez, o casal partiu rapidamente, mas, certa noite, Noel sentiu-se muito mal, tendo que retornar às pressas para casa. Já se sabia que o poeta se encontrava em fase terminal. Na noite de 4 de maio deste mesmo ano, nos braços de Lindaura, em seu quarto no chalé, Noel veio a falecer de tuberculose aos 26 anos de idade. A notícia não pegou ninguém de sobressalto, pois, a essa altura, a sua morte já era dada como certa.

Principais sucessos :

* Adeus, Noel Rosa, Ismael Silva e Francisco Alves, 1931
* A.E.I.O.U.,Noel Rosa e Lamartine Babo, 1931
* Até amanhã, Noel Rosa, 1932
* Cem mil réis, Noel Rosa e Vadico, 1936
* Com que roupa?, Noel Rosa, 1929 Com que roupa com Noel Rosa (1930)
* Conversa de botequim, Noel Rosa e Vadico, 1935
* Coração, Noel Rosa, 1932
* Cor de cinza, Noel Rosa, 1933
* Dama do cabaré, Noel Rosa, 1934
* De babado, Noel Rosa e João Mina, 1936
* É bom parar, Noel Rosa e Rubens Soares, 1936
* Feitiço da Vila, Noel Rosa e Vadico, 1936
* Feitio de oração, Noel Rosa e Vadico, 1933
* Filosofia, Noel Rosa e André Filho, 1933
* Fita amarela, Noel Rosa, 1932
* Gago apaixonado, Noel Rosa, 1930
* João Ninguém, Noel Rosa, 1935
* Minha viola, Noel Rosa, 1929
* Não tem tradução, Noel Rosa, 1933
* O orvalho vem caindo, Noel Rosa e Kid Pepe, 1933
* O x do problema, Noel Rosa, 1936
* Palpite infeliz, Noel Rosa, 1935
* Para me livrar do mal, Noel Rosa e Ismael Silva, 1932
* Pastorinhas, Noel Rosa e João de Barro, 1934 Pastorinhas com Sílvio Caldas (1937)
* Pela décima vez, Noel Rosa, 1935
* Pierrô apaixonado, Noel Rosa e H. dos Prazeres, 1935 Pierrô apaixonado com Joel e Gaúcho (1935)
* Positivismo, Noel Rosa e Orestes Barbosa, 1933
* Pra que mentir, Noel Rosa e Vadico, 1937
* Provei, Noel Rosa e Vadico, 1936
* Quando o samba acabou, Noel Rosa, 1933
* Quem dá mais?, Noel Rosa, 1930
* Quem ri melhor, Noel Rosa, 1936
* São coisas nossas, Noel Rosa, 1936
* Tarzan, o filho do alfaiate, Noel Rosa, 1936
* Três apitos, Noel Rosa, 1933
* Último desejo, Noel Rosa, 1937 Último desejo com Arai de Almeida (1937)
* Você só...mente, Noel Rosa e Hélio Rosa, 1933



Lembrando que as músicas acima são apenas uma pequena mostra do fantástico repertório do compositor. O texto acima foi escrito por mim para ser publicado no site Ao Chiado Brasileiro. Tudo inspirado na obra-prima abaixo:






Viva Noel Rosa!


Procurei minhas fotos do Ney aqui no meu computador mas elas não resistiram ao último vírus. Vou escanear de novo e em breve publicá-las aqui.

1 Comments:

Blogger Edson Feittosa said...

Tive a felicidade e o prazer de conviver com Ney. Fui apresentado a ele por um amigo o Marcelo Miau e nos nos afetamos. Ele me encantou com sua música e seu coração bom.

março 09, 2011 2:40 PM  

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